quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A História



A História é a ciência que estuda os factos ou fenómenos da vida da Humanidade num determinado espaço e tempo.

Breve evolução da História

O termo historiografia é composto a partir dos termos “história” (que vem do grego e significa pesquisa) e “grafia” (que também vem do grego e significa escrita). Sendo assim, o próprio nome já contém o sentido mais claro da expressão, isto é, uma escrita da história.

Antiguidade clássica: baseava-se em relatos de grandes feitos políticos e militares que tinham trazido fama; era pragmática e educativa, nacionalista e patriótica. O objetivo era retirar uma lição, uma moral que pudesse ser aproveitada pelos homens do futuro.
      Homens como Cícero ou Heródoto (o “pai” da História) usavam como método a relacionação, explicação e justificação dos factos com base na recolha da tradição oral e escrita, bem como de testemunhos oculares.


IDADE MÉDIA: Visão Teocêntrica da História. A História é, no fundo, a execução das vontades divinas. Os pseudo-historiadores desta época não possuíam a preocupação de criticar e estabelecer a autenticidade e veracidade dos factos. A História era entendida como Universal, Providencialista, Apocalíptica (previa-se o fim do mundo e dos homens).   


RENASCIMENTO: Visão Antropocêntrica. O Homem está no centro de todas as preocupações, é o motor de todos os acontecimentos. Os historiadores utilizam como método a recolha de fontes, nem sempre com preocupações criteriosas e isentas. A crítica às fontes faz-se sob um ponto de vista filológico. A História tem assim um papel educativo ou explicativo. Pela primeira vez, exalta-se o rigor.


RACIONALISMO: É a fase do Iluminismo. Há o aproveitamento de métodos das ciências auxiliares da História, mas a grande novidade será a aplicação do método científico à História, que passa a servir os poderosos e a nova classe dominante – a Burguesia - bem como os seus ideais políticos e sociais. A História torna-se uma forma de pensamento. Pretende-se atingir o grande público e modelar a opinião.

POSITIVISMO: Teorizado por Auguste Comte, o Positivismo procura converter a História numa ciência natural. Para os positivistas que estudaram a História, esta assume o caráter de ciência pura: é formada pelos fatos cronológicos e o que realmente significam em si e não requerem a ação do historiador para serem entendidos (objetividade absoluta). Os positivistas não explicam nem interpretam os factos, apenas os descrevem. É, assim, uma História do tempo curto, do acontecimento.

HISTORICISMO A História transforma-se numa matéria para profissionais e especialistas, subjetiva e relativa. Valoriza-se a intuição e o papel do historiador como sujeito ativo que conhece. Preconiza-se uma história crítica pelo recurso à hermenêutica (análise dos documentos). É a história que faz o homem e não o homem que faz a história. Os movimentos historicistas falam num sentido da história ou num processo histórico. Aceitam que pesquisando determinadas leis se poderia determinar o futuro da humanidade.


A NOVA HISTÓRIA – SÉC. XX• A História Nova procura construir uma história total. Estimula o contributo de outras ciências humanas e mesmo ciências exatas (como a matemática). Empenha-se na construção de uma história que permita conhecer o passado, compreender o presente e prenunciar o futuro. Preocupa-se com o contínuo, o permanente, a estrutura (o tempo longo) e alarga os seus horizontes a todas as manifestações do Homem. 








O OBJETO DA HISTÓRIA

 “A História é, antes de mais, o conhecimento do passado (…). Outrora, factos históricos eram só as ações dos chefes políticos, dos génios ou dos heróis. Desde que a história da humanidade se alargou, tudo tem dimensão histórica. Desde a forma de enterrar os mortos até à conceção do corpo, desde a sexualidade até à paisagem, desde o clima até à demografia.”   José Mattoso


AS FONTES DA HISTÓRIA

 “A História faz-se com documentos escritos. (…) Com tudo o que o engenho do historiador pode permitir-lhe utilizar (…). Portanto, com palavras. Com signos. Com paisagens e telhas. (…) Numa palavra, com tudo aquilo que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem.” Lucien Febvre
 

O conhecimento do passado só é possível se estudarmos os vestígios deixados pelo Homem ao longo dos tempos. Esses vestígios, podem ser escritos, iconográficos, materiais, patrimoniais…que nos foram deixados de forma informal, formal, intencional ou não. Interrogando esses vestígios encontramos respostas que nos permitem reconstruir a História. É desta forma que os vestígios deixados pelo Homem se tornam fontes históricas.


  • ·      Fontes escritas (manuscritas ou impressas): arquivísticas ou diplomáticas (tratados, leis, atas, escrituras, testamentos, registos paroquiais, cadernos eleitorais…); narrativas ou literárias (crónicas, anais, cancioneiros, biografias, romances, diários, cartas, jornais…); epigráficas (inscrições na superfície de materiais duros como pedra, metal ou cerâmica)
  • ·    Fontes materiais/arqueológicas/ figuradas: ossadas, mobiliário, joias, esculturas, moedas, armas, brasões, selos, mapas, monumentos, pinturas, gravuras, filmes, fotografias…
  • ·     Fontes orais (passadas a escrito ou registadas em gravação): entrevistas, depoimentos, tradições, lendas músicas…
  
Classificação das Fontes:

Fonte primária ou fonte original: consiste na fonte produzida no contexto temporal na qual ela se insere.

Fonte secundária: consiste na análise, descrição, estudo, interpretação, apropriação da fonte primária; são trabalhos ou estudos baseados na fonte original ou primária.
Fonte terciária: considera-se fonte terciária a obra que tende a abranger uma gama de conteúdos específicos ou variados, mas que atue de forma organizadora. Um almanaque, um manual, uma enciclopédia, um livro de notas, um livro de bibliografias, um dicionário especializado, são considerados obras terciárias. A fonte terciária pode fazer referências a fontes primárias, secundárias e até outras fontes terciárias.









O TEMPO HISTÓRICO

O tempo histórico deverá desenrolar-se de acordo com os fenómenos históricos (de ação humana).

         Tempo curto (ou do acontecimento) – normalmente referente a acontecimentos  políticos;
            Tempo médio (ou de conjuntura) - estudam-se as variações cíclicas breves;
            Tempo longo (ou de estrutura) - estudam-se as grandes permanências.

Conjuntura: Conceito que se integra no tempo cíclico ou tempo de média duração, entre o acontecimento e a estrutura. Neste nível do tempo histórico inserem-se as flutuações, que podem ser cíclicas e de extensão e amplitude variáveis. O tempo da conjuntura é aquele que se prolonga e pode ser apreendido durante uma vida, como o período de uma crise económica, a duração de uma guerra, a permanência de um regime político ou o desenrolar de um movimento cultural.


Estrutura: Os observadores do social entendem por estrutura uma organização, uma coerência, relações suficientemente fixas entre realidades e massas sociais. Para nós, historiadores, é “uma realidade que o tempo demora imenso a desgastar e a transportar”. Certas estruturas são dotadas de vidas tão longas que se convertem em elementos estáveis de uma infinidade de gerações.
O tempo da estrutura é aquele que parece imutável, pois as mudanças que ocorrem na sua extensão são quase impercetíveis nas vivências contemporâneas das pessoas.

Diacronia: Eixo coordenador do tempo que se refere ao desenvolvimento ou sucessão de acontecimentos: tempo cronológico, linear, sucessivo, factual.

Sincronia: Eixo coordenador do tempo que se refere às simultaneidades de factos ou fenómenos históricos: tempo simultâneo (evento, conjuntura, estrutura), tempo da repetição e da transformação; tempo social, descontínuo.



A Cronologia é a ciência cuja finalidade é a de determinar as datas e a ordem dos acontecimentos históricos, principalmente descrevendo e agrupando numa sequência lógica. A periodização da História é a forma de enquadrar os factos no tempo e, desta forma, facilitar a investigação e o ensino da própria História.
 



Períodos/Idades/Épocas

Duração e marcos históricos

Pré-História
Desde o aparecimento do Homem (+/-2 milhões de anos) até à invenção da escrita ( c.3500 a.C.)
Época Antiga
Civilizações pré-clássicas ou Antiguidade Oriental (1ª civilizações) -4º milénio a.C. ao séc.V a.C.
Civilizações clássicas ou Antiguidade Clássica (grega e Romana) – séc.V a.C. a 476 d. C.
Época Medieval
De 476 à conquista do Império Bizantino (Império Romano do Oriente) 1453
Época Moderna
De 1453 ao início da Revolução Francesa (1789)
Época Contemporânea
De 1789 aos nossos dias




O ESPAÇO

 “Quanto mais o passado dos homens recua no tempo, mais a História se molda na geografia”. Jaime Cortesão
                                                                                                         
“O esforço dos historiadores deve dirigir-se para a integração das civilizações num todo (…) marcando os sincronismos, as interinfluências, as condições de isolamento (…)”.
 V. Magalhães Godinho
                                                                                           
O espaço histórico pode-se definir como a porção do planeta onde se desenvolvem as atividades do homem no seu quotidiano. Inserido no conjunto das suas atividades ao longo de um período de tempo maior ou menor, ganha a dimensão histórica, não apenas de forma isolada mas também em relação com outras áreas. O espaço condiciona o modo de organização dos povos da Humanidade e ao longo do tempo ganha diferentes significados que se apresentam como consequência da ação do Homem.




                              mapa mundi 1689



 Hidra- Grécia

 


A RELATIVIDADE DO CONHECIMENTO HISTÓRICO

 “Todo o conhecimento histórico é relativo e provisório. A História é uma ciência em constante renovação. A variedade de métodos e fontes ao seu dispor permite-lhe alargar o seu conhecimento. Mas as limitações do próprio historiador e do tempo não desaparecem. O historiador observa o passado sempre com o seu espírito de presente, seleciona o documento de acordo com as suas preferências… A história e o conhecimento histórico são assim relativos e muito subjetivos. No entanto, não deixa de ser uma ciência.”


















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