sábado, 15 de setembro de 2012

Para recordar!

Para que possamos estudar e compreender o século XX, é necessário recuperar alguns conhecimentos adquiridos no ano letivo anterior. Assim, seguem-se algumas ideias-síntese que te irão ajudar a relembrar e a sentir o cheirinho a História.

1. A ABERTURA AO MUNDO
· Muitos foram os condicionalismos geográficos, técnicos, sociais, económicos e políticos que lançaram os portugueses na Expansão Marítima dos séculos XV e XVI.
· A política expansionista de Portugal e Espanha agravou as rivalidades já existentes, conduzindo a uma política de mare clausum, à assinatura do Tratado de Tordesilhas e à divisão do mundo em duas partes iguais.
· Muitos foram os feitos de relevo praticados pelos navegadores portugueses, destacando-se a Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia (Vasco da Gama-1498) e a Descoberta do Brasil Pedro Álvares Cabral-1500).
· A descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, permitiu a abertura da Rota do Cabo e a ruína da antiga Rota do Levante.
· As costas Ocidental e Oriental Africanas e na Ásia, criaram-se várias feitorias de forma a melhor controlar o comércio nestas paragens. No Brasil instituiu-se o sistema de capitanias.
· A presença espanhola nos seus territórios da América do Sul, caracterizou-se por medidas de grande violência humana, económica e cultural, levando gradualmente à submissão total das civilizações ameríndias.
· A descoberta e colonização de outros continentes deu origem a um mercado à escala mundial.
· Lisboa, Sevilha e, mais tarde, Antuérpia, assumiram o papel de principais centros do comércio dos produtos ultramarinos.
· Devido aos profundos contactos estabelecidos entre a Europa e os outros continentes, ocorreu um fenómeno de aculturação, que conduziu a grandes alterações do quotidiano.

2. OS NOVOS VALORES EUROPEUS
· O renascimento fundamentou-se na recuperação, imitação e superação dos modelos Clássicos da Antiguidade Greco-Romana.
· Em termos filosóficos, o Humanismo colocou o Homem no centro do Universo – antropocentrismo – defendendo uma cultura global e total.
· A criação da imprensa, a valorização da natureza e os descobrimentos marítimos, contribuíram, nesta época, para um alargamento do conhecimento do mundo e do próprio homem.
· A arte do Renascimento inspirou-se nos cânones greco-romanos, procurando o equilíbrio, a harmonia e a proporção de formas. Descobriu-se a técnica do óleo e a perspectiva linear.
· A arte portuguesa desta época encontrou soluções próprias, que deram origem a um estilo de cunho nacional: o Manuelino.
· Martinho Lutero contestou a actuação da Igreja Católica pela condenação pública da Bula das Indulgências do Papa Leão X. Essa contestação deu início à Reforma Protestante. Perante o avanço do movimento reformista, a Igreja Católica promoveu a Contra-Reforma.



3. O IMPÉRIO PORTUGUÊS E A CONCORRÊNCIA INTERNACIONAL
· Diversos factores levaram ao declínio do Império Português do Oriente, tendo sido iniciada então a exploração sistemática do Brasil.
· Após o exclusivo económico dos países ibéricos, determinado no Tratado de Tordesilhas e defendido pela doutrina do mare clausum, diversos países do centro europeu (Holanda, Inglaterra e França) lançam-se nos seus processos de expansão, de acordo com uma nova política de mare liberum.
· Depois do poderio de Lisboa e Sevilha, o mundo económico assistiu à ascensão económica de Antuérpia ( 1ª metade do século XVII) e de Amesterdão (2ª metade do século XVII).
· A segunda metade do século XVI assistiu ao auge do Império Espanhol, bem como à União Ibérica que, ao longo de 60 anos, se revelou desastrosa para os interesses nacionais.
· Um longo período de descontentamento conduziu a um clima de revolta que culminou no movimento de Restauração da Independência Nacional, a 1 de Dezembro de 1640.

4. ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO NUMA SOCIEDADE DE ORDENS
· A sociedade do Antigo regime era uma sociedade de Ordens, baseada na tradicional hierarquia trinitária: Clero, Nobreza e Povo.
· Politicamente, o Antigo Regime correspondeu ao fortalecimento do poder régio, assumindo um carácter de forte absolutismo.
· Para fazer face à crise económica que afectou a Europa durante o século XVII, surgiram medidas que tentavam promover as manufacturas e o mercado interno de cada país. Esta nova doutrina- Mercantilismo – tinha por máxima exportar o máximo; importa o mínimo, tendo sido implantada em França por Colbert e introduzida em Portugal pelo Conde da Ericeira.
· Em termos artísticos, os finais do século XVI assistiram às primeiras manifestações de Arte Barroca. Este novo estilo contrapôs uma certa agitação de formas e o gosto pelo dramatismo e pela ostentação à serenidade e equilíbrio da Arte do Renascimento. Em Portugal, adquiriram larga expressão a talha dourada e o azulejo.
· A reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755, obedeceu a moldes modernos e a critérios que tinham por objectivo a normalização social face ao poder absoluto do monarca. A Praça do comércio, enquanto símbolo do poder burguês, constitui igualmente um sinal de mudança social e de ascensão deste grupo.
Sto. António dos Olivais (Coimbra)


5. A CULTURA E O ILUMINISMO EM PORTUGAL FACE À EUROPA
· A ciência moderna nasceu e desenvolveu-se entre os séculos XVII e XVIII com a implementação do método experimental. Cientistas e homens de conhecimento como Galileu, Newton, Descartes, basearam-se na observação da Natureza, na matemática e no uso da Razão.
· As ciências da natureza ganharam um novo estatuto, igualmente graças aos aperfeiçoamentos técnicos e às viagens de exploração que deram a conhecer locais do mundo ainda inexplorados.
· Durante o século XVIII surgiu o movimento iluminista. Os seus teóricos acreditavam na razão e no progresso, no direito do Homem à felicidade, à igualdade, à liberdade e à justiça. Criticavam o poder absoluto e a sociedade de ordens e, em contrapartida propunham a separação de poderes e a soberania popular. Rapidamente estas ideias se espalharam por toda a Europa, através das academias, dos salões, da maçonaria, da Enciclopédia, dos clubes e dos cafés.
· Em Portugal, destacam-se a acção dos estrangeirados e as reformas pombalinas no campo da educação.

6. A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA E O ARRANQUE DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
· No século XVIII as regiões do Norte e do Noroeste da Europa abandonaram gradualmente as culturas agrícolas tradicionais, adoptando novas técnicas e processos que lhes permitiram obter uma maior produtividade – Revolução Agrícola.
· Vários factores positivos permitiram o aumento significativo da população europeia – Revolução Demográfica.
· A diminuição da mortalidade, o crescimento populacional e o desenvolvimento comercial e industrial deram origem ao progresso das cidades – Crescimento Urbano.
· Diversos condicionalismos específicos conduziram a Inglaterra a um lugar prioritário na industrialização da sua economia – Revolução Industrial.
· Na Revolução Industrial salientou-se a descoberta de uma nova fonte de energia – o vapor – e de um engenho capaz de utilizá-la – a máquina a vapor.


7. AS REVOLUÇÕES LIBERAIS
· O descontentamento das colónias britânicas da América do Norte levou a um clima de revolta que culminou com a independência das 13 colónias inglesas. A Declaração da Independência, de 1776, afirma que os homens possuem certos direitos inalienáveis: a vida, a liberdade, a busca da felicidade. A Constituição de 1787 instituiu uma república federal, levando à prática o princípio iluminista da separação dos poderes.
· A crise generalizada do Antigo Regime teve repercussões particulares em França. Aqui, o Terceiro Estado revoltou-se contra a ordem social vigente, segundo um processo revolucionário que marca, igualmente, o início da Idade Contemporânea – Revolução Francesa, 1789.
· O processo revolucionário francês desenvolveu-se por etapas, terminando com o triunfo da Burguesia e a subida de Napoleão ao poder.
· Os objectivos imperialistas de Napoleão, conduziram à invasão de Portugal (1807 – 1811) e a uma consequente crise generalizada no nosso país.
· A difusão das ideias liberais, conduziu a um processo revolucionário que culminou com a Revolução Liberal de 1820 e, posteriormente, com a primeira Constituição Portuguesa – 1822.
· Entre 1823 e 1834, Portugal foi palco de uma violenta guerra civil que opôs liberais e absolutistas. Venceria a facção de D.Pedro IV, triunfando a Monarquia Constitucional.

8. O MUNDO INDUSTRIALIZADO NO SÉCULO XIX
· Primeiro a Inglaterra e, depois, outras potências da Europa e do Mundo, com destaque para a Alemanha, EUA e Japão,lançaram-se num processo de industrialização que marcou todo o século XIX.
· A industrialização permitiu o desenvolvimento dos transportes (caminhos de ferro e barcos a vapor), o aumento da circulação de produtos e pessoas e a intensificação dos mercados nacionais e internacionais. Foram aplicadas novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade e desenvolveram-se novas indústrias, sobretudo nos ramos da siderurgia, química e material eléctrico.
· Desenvolveu-se o liberalismo económico, o qual aplicou o conceito de liberdade à produção, ao trabalho, aos preços e aos salários.
· O século XIX presenciou um forte crescimento demográfico e urbano, bem como profundas transformações sociais (Grande burguesia, Proletariado), que conduziram a revoltas e lutas sociais. Surgiram os sindicatos e os movimentos socialistas (doutrinas que se propunham reorganizar a sociedade com base em princípios mais justos e igualitários, abolindo-se a exploração do homem pelo homem).
· Ocorreu igualmente um grande movimento de renovação literária, científica e artística Romantismo,Realismo, Impressionismo, Arquitetura do ferro).

9. O CASO PORTUGUÊS

· A primeira metade do século XIX foi marcada por uma profunda instabilidade política e social (as invasões francesas, o conflito luso-espanhol, a independência do Brasil e as lutas liberais), contribuindo para o atraso da industrialização e da modernização do país.
· A partir de meados do século, surgiu um novo período de estabilidade política, de desenvolvimento económico e de criação de infra-estruturas, a REGENERAÇÃO, personalizado no ministro das Obras Públicas, Fontes Pereira de Melo, grande responsável pelo incremento da rede de transportes rodoviários e ferroviários.
· Apesar do progresso verificado na indústria, nomeadamente nos têxteis, no tabaco, nas cerâmicas, nos vidros e nas conservas, continuaram a predominar as manufacturas familiares e o país manteve a situação de dependência económica em relação aos países mais industrializados.
· O grande surto demográfico, a ruína dos pequenos proprietários e o tímido desenvolvimento industrial arrastaram milhares de portugueses para a emigração, nomeadamente para o Brasil, em busca de melhores condições de vida.
· A nova burguesia liberal assumiu formas e estilos de vida que até então tinham caracterizado as classes dominantes do Antigo Regime. Os seus representantes passaram a ser conhecidos como barões do liberalismo.
· O operariado ganhou consciência de classe, associando-se em sindicatos (em 1853 surgiu o Centro Promotor de Melhoramentos da Classe Laboriosa).



 
 
 


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Fontes Pereira de melo

FONTES PEREIRA DE MELO (Lisboa, 1819 - Lisboa, 1887)

Chefe do Partido Regenerador, António Maria Fontes Pereira de Melo possuía o curso da Academia dos Guardas-Marinhas e o de Engenharia da Escola do Exército.
Em 1851, após um período de grande instabilidade política, Portugal conheceu um período de paz e acalmia que ficou conhecido por Regeneração. Uma das figuras centrais dessa nova etapa política portuguesa foi Fontes Pereira de Melo, que foi Ministro da Marinha e do Ultramar, da Fazenda, do Reino e da Guerra e das Obras Públicas, Comércio e Indústria, onde se destacou pela sua política de melhoramentos materiais, nomeadamente das comunicações rodoviárias e ferroviárias.
Por sua iniciativa foram construídos no país centenas de quilómetros de estradas e caminho-de-ferro, várias pontes e foi assegurada a navegação a vapor no Tejo, no Sado e entre Lisboa e os Açores. Além disso, introduziu o telégrafo eléctrico em Portugal, criou o ensino industrial e organizou o ensino agrícola.
O Fontismo – designação dessa política de melhoramentos materiais – teve um papel determinante na estruturação das zonas económicas, bem como nos seus ritmos de desenvolvimento. As diferenças entre o litoral, mais bem servido de redes de transporte e comunicação, e o interior agravaram-se. Por outro lado, os pesados empréstimos contraídos no estrangeiro para financiar esta política, impediram a tentativa de Fontes Pereira de Melo colocar, definitivamente, o país no grupo das potências industriais e desenvolvidas.
 

Karl Marx

KARL MARX (Trier, 1818 – Londres, 1883)
Sociólogo, historiador, economista e filósofo alemão, Karl Marx estudou nas Universidades de Bona e de Berlim e formou-se em Iena, em 1841. No ano seguinte assumiu a chefia da redacção da Gazeta Renana em Colónia, onde os seus artigos radicais e profundamente liberais irritaram as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris. Na capital francesa, conheceu Friedrich Engels, amizade que durou toda a vida.
Expulso de França, instalou-se em Bruxelas, onde participou em organizações clandestinas de operários e exilados.
Em 1848, Marx e Engels publicaram “O manifesto Comunista”, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista.
Esta obra expõe uma nova concepção da história da humanidade, baseada na teoria da luta de classes e do papel histórico do proletariado, criador de uma nova sociedade caracterizada pela colectivização da propriedade, ou seja, era necessário suprimir a propriedade privada, retirar o poder à burguesia e abolir o sistema económico capitalista e pela eliminação de todas as classes sociais – a sociedade comunista.
Em 1864, participou na fundação da Associação Internacional dos Operários, depois chamada 1ª Internacional. Esta uniu o movimento operário dos diversos países e procurou orientar a actividade dos diferentes tipos de socialismo, numa única via.
Em 1867, Marx publicou o primeiro volume da sua principal obra, “O Capital”.
Marx desenvolveu, em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida, bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 1883. Foi enterrado na condição de apátrida no Cemitério de Highgate, em Londres.